!@ {o polifônico, [Jornalismo de Intervenção # Por Leonor Bianchi]

Cartão do bem ou cartão do mal?

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Mudou o ano, mudou o governo, mas a política populista parece nunca ter estado tão forte e consolidada em Rio das Ostras.

Uma semana antes do Carnaval, o novo-velho prefeito da cidade, Alcebíades Sabino, concedeu o beneficio chamado ‘Cartão do Bem’ para 2.600 moradores de Rio das Ostras. A política de assistencialismo não é de hoje no rico município de moradores pobres e vem seguida de outras tantas como você lerá ao final desta matéria.

Para quem não lembra, ou para os novos moradores que nem sabem do fato, o benefício ‘Cartão do Bem’ foi criado em 2007 pelo antigo prefeito do PMDB Carlos Augusto Baltazar (2005 – 2008 e 2009 – 2012 à frente da Prefeitura de Rio das Ostras) como substituição à Cesta Básica dada pela Secretaria de Bem-estar Social. Era para ser destinado a moradores com renda per capita de, no máximo, um salário mínimo.

Quando foi criado, o Cartão causou muita indignação entre os munícipes mais esclarecidos pelo fato de aquele ser um ano que antecedia as prévias eleitorais e a criação de uma lei municipal estabelecendo transferência de renda para cerca de 10 mil pessoas soava como compra de votos à luz do dia. Na época, o cidadão tinha a possibilidade de retirar o dinheiro no Banco do Brasil ou então fazer compras utilizando-o como cartão de débito em qualquer estabelecimento que aceitasse o pagamento com Visa Electron. Os comerciantes não precisavam fazer nenhum tipo de cadastro para participar do programa.

Este ano, antes do Carnaval, Sabino fez um mutirão envolvendo 150 servidores da prefeitura para refazerem o cadastro dos beneficiários antigos e incluir outros novos para ganharem mensalmente do governo municipal a quantia de R$ 100,00, mesmo valor dado em 2007 para os beneficiários.

A cidade, que vive hoje uma explosão populacional, precisa de fortes investimentos em infraestrutura, saúde, educação, habitação, qualificação profissional e inovação em ciência e tecnologia. Porém, o que vemos é a perpetuação de uma política arraigada ao populismo e na dependência do indivíduo para com o Estado, que ao invés de viabilizar formas para que ele – cidadão – trabalhe, oferece-lhe benefícios em dinheiro, em troca de popularidade e quem sabe, de sua continuidade no governo para além desta nova-velha gestão que acaba de começar. Acaba de começar e já disse a o que veio…

Não fossem os R$ 100,00 de mesada que Sabino está dando para quase 3 mil moradores de Rio das Ostras, mais uma medida populista foi anunciada na semana passada: a construção – em parceria com a construtora mais denunciada nos últimos anos no Brasil, MRV – de casas populares na cidade. Mas esta ação populista será a pauta de outra matéria.

 

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