!@ {o polifônico, [Jornalismo de Intervenção # Por Leonor Bianchi]

Jornal O Paiz publica nota sobre a necessidade da construção de uma ponte sobre o rio São João

O periódico matutino foi publicado no Rio de Janeiro entre o final século 1884 e a Revolução de 1930

o paiz 14 de janeiro de 1928 necessidade da construcao da ponte sobre o rio sao joaoFundado pelo imigrante português João José dos Reis júnior, mais tarde agraciado com o título de Conde de São Salvador de Matosinhos, circulou entre 1 de outubro de 1884 e 1930.

Seu primeiro redator-chefe foi Rui Barbosa, que, após apenas três dias no cargo, foi substituído por Quintino Bocaiúva (1836-1912), então presidente do Partido Republicano, que ficou no cargo de 1885 até o início do século XX

Por contar com lideranças republicanas na chefia das redações foi, ao lado de “A Gazeta Nacional”, um importante veículo da causa abolicionista no país e da ideologia republicana, durante toda a chamada República Velha, ou República do Café com Leite, período que vai até 1930.

Escreveram nas páginas, entre outros, Rui Barbosa, Fernando Lobo, Anésia Pinheiro Machado, Joaquim Serra, Alcindo Guanabara, Urbano Duarte e Joaquim Nabuco. Nabuco, apesar era da causa abolicionista, mas divergia da linha política de O Paíz, pois era Monarquista. Por motivos de divergências com Quintino Bocaiúva parou de escrever n’O Paiz.

Até o início do século XX funcionou na antiga sede de O Cruzeiro, na Rua do Ouvidor. Com a construção da Avenida Central, sua sede foi transferida para um prédio construído especialmente para ele na esquina da nova avenida com a Rua Sete de Setembro. Foi lá que em 1908, o repórter Gustavo de Lacerda fundou a a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

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Em 1930 um incêndio destruiu a sede. Acredita-se que o sinistro ocorreu por causa da oposição ao golpe de estado liderado por Getúlio Vargas, que culminou com a deposição do presidente Washington Luís em 24 de outubro de 1930. Naquele ano o jornal deixou de circular. Antônio Augusto Alves de Souza, o último proprietário e principal editorialista, foi obrigado a exilar-se e, até à sua morte, nunca mais pôde assinar um artigo na imprensa brasileira.

A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro guarda uma sequência de exemplares do periódico até à data de  13 de fevereiro de 1934, sob a direção do jornalista Alfredo Neves.

Pesquisa: LB

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O início do loteamento de Rio das Ostras

LB

Foi na década de 1960 que Rio das Ostras começa a ser dividida em pequenos loteamentos. O Bosque foi um dos primeiros. Nos jornais da capital Rio de Janeiro o que mais via-se aos domingos no caderno de classificados eram lotes à venda na praia do Centro, próximos à Tartaruga. As famosas areias monazíticas foram o grande mote dos que começavam, há 40 anos atrás, a vender Rio das Ostras. Correio da Manhã, 29 de junho de 1961.

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Anima Cine Macaé terá lançamento de longa-metragem sobre a animação no Brasil

O filme Luz, anima, ação será exibido durante o festival e após a sessão haverá debate com a equipe de realização. Em breve mais detalhes…

Documentário longa-metragem coproduzido pelo Canal Brasil, que resgata a fabulosa trajetória da animação brasileira desde o pioneiro “O Kaiser” ao boom produtivo que expande fronteiras!

O filme tem direção de Eduardo Calvet, produção de Felipe Haurelhuk. Veja no link do teaser a equipe completa.

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Conservação e Preservação do acervo da Hemeroteca do Solar dos Mellos

Página da Hemeroteca Digital de Macaé

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Sobre a realização do projeto Hemeroteca Digital de Rio das Ostras

Página da Hemeroteca Digital de Rio das Ostras

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Pré-lançamento do livro ‘A imprensa na cidade que mais cresceu no Brasil: A história recente de Rio das Ostras revisitada em matérias jornalísticas produzidas entre 2005 e 2007’

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É hoje, a partir das 17h, na Concha Acústica de Rio das Ostras.

O registro do cotidiano é tarefa própria da atividade jornalística. Em muitas vezes, esse registro torna-se a mais completa, se não a única documentação dos fatos de uma comunidade. As notícias e o jornalismo acabam por compor, também, o fio da memória local. O jornalismo, mesmo involuntariamente, escreve a história do lugar. Este livro condensa um período importante na história recente de Rio das Ostras, os anos de 2005, 2006 e 2007.

O objetivo desta publicação é reunir informações que permitam à comunidade local (re)conhecer a identidade, a ideologia e o discurso da imprensa local através da recuperação da história social recente da cidade, e apresentar essa memória para quem não conhece ou passou a conhecer a cidade nos últimos quatro, cinco anos.

A história de Rio das Ostras, nestes últimos 21 anos – tempo em que a mesma emancipou-se político-administrativamente de Casimiro de Abreu -, pode ser contada perfeitamente através das páginas dos jornais locais. É claro, devemos considerar que muitos desses jornais servem apenas para a sustentação ideológica dos grupos políticos dominantes no cenário local. Por isso, é preciso estar atento aos discursos enunciados por esses veículos e como eles são interpretados pelos leitores. Afinal, se falamos de construção de um fio narrativo da história local produzido pelos jornais impressos, precisamos saber interpretar seus enunciados e como estão contando a história, sob qual ótica pretendem ‘oficializar’ a história.

Escolhemos nos debruçar sobre a história recente do município e de sua imprensa local para entendermos um pouco mais sobre este belíssimo balneário, quem são suas personagens para além do povo, do cidadão comum, do trabalhador que ajuda, diariamente, a construir a cidade que mais cresceu no Brasil nos últimos 10 anos, segundo dados de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O Forte de Imbetiba nas páginas do jornal A Província

Edicao 82 Inauguração do forte de Imbetiba

LB

Uma década após ser publicado o primeiro jornal de Macaé – o Monitor Macahense – uma das folhas mais importantes da imprensa brasileira – A Província – era editada pelo corajoso pensador, poeta, advogado, escritor, jornalista e abolicionista pernambucano José Mariano. O periódico era produzido na capital Recife, que naquela época disputava um bom posto na comercialização de açúcar com muitas outras cidades produtoras da iguaria, dentre elas, Campos dos Goytacazes, próxima a Macaé, de quem se desvinculou política e administrativamente em 1813.

Atentos à produção do açúcar em todos os pontos do Brasil, seus editores expõem em suas páginas notas sobre a balança comercial dos portos de diversas cidades brasileiras e tudo o que diz respeito à produção e comercialização de açúcar no país e fora dele. Neste contexto, Macaé aparece em muitas páginas do jornal A Província, ora com seu movimento portuário despontando entre os mais impulsionados daqueles tempos, ora como cidade de relevante interesse estratégico para a política econômica nacional, por diversos aspectos. Estar próxima à Capital Federal era um. Ser vizinha de Campos e estar localizada ‘no pé’ das Minas Gerais, outro. O jornal A Província, por isto, destaca Macaé em diversas edições ao longo de sua existência.

Editado entre 1872 e 1933, A Província atravessou o século que abriria as portas da modernidade e desvelou vez por todas a surpreendente cultura dos povos das Américas. Foi o século das ciências da mente e do homem. O século das guerras marcadas por destruições em massa. Guerras criadas com o auxílio do advento de máquinas poderosas, que só puderam existir com o aperfeiçoamento do domínio que o homem passou a exercer sobre a natureza e suas leis.

Dentre as diversas menções que A Província dedicou a Macaé, destaco a primeira, que aparece em 1875 e diz respeito a uma nova tecnologia: o processo de produção de açúcar cristalizado desenvolvido na Fazenda Atalaia. A nota foi publicada na página 2 da edição 680, uma quarta-feira, 15 de setembro.

Porém, meu grifo neste artigo vai para a citação que a folha pernambucana fez à inauguração do Forte de Imbetiba, na edição de quarta-feira, 13 de abril de 1910. A nota chamou atenção para a festa que aconteceria no dia 15 daquele mês por ocasião da inauguração do Forte. E não foi nota telegrafada não, como costumava acontecer naqueles tempos! Foi nota do editor José Mariano, um dos maiores jornalistas – com o rigor da palavra e a ética que a profissão exige – que o Brasil já conheceu.

Monte Frio comemora 400 anos, hoje 

No dia 16 deste mês, o Forte Santo Antônio do Monte Frio (que alguns chamam erroneamente de Monte Feio, segundo a assessoria de comunicação do Exército) comemorou 400 anos de fundação, e hoje, terça-feira, dia 19 de março de 2013, haverá uma grande festa no local para celebrar a data. Porém, mesmo quatro séculos passados, há quem desconheça – macaense ou não – a história deste importante patrimônio arquitetônico tão imponente e simbólico de Macaé.

Logicamente, pelo fato de não haver imprensa no Brasil há quatro séculos, não poderíamos nunca encontrar citação à inauguração do Monte Frio durante esta pesquisa, que neste momento debruça-se apenas em periódicos publicados no Brasil.

Esta primeira fortificação, o Monte Frio, virou ruína e hoje não existe mais. Deste antigo forte erguido com pedras pelos negros escravos, no lado de trás do monte onde hoje está a sede do Forte Marechal Hermes, só restaram a muralha de pedra centenária erguida pelos escravos e os canhões que compunham a artilharia da fortaleza, hoje desativados. Uma prainha discreta precipita-se abaixo de um rochedo, ao lado do Monte Frio, formando uma agradável baía a qual batizaram de Praia das Tartarugas. Área militar, restrita ao acesso do exército.

O Forte Santo Antônio de Monte Frio foi inaugurado em 1613 e desativado em 1859. “No século XVII, o Governo espanhol, ao qual Portugal estava submisso, teve a sua atenção despertada no sentido de combater piratas, que agiam com a cumplicidade de índios e mamelucos.

Na extração do pau-brasil por volta de 1614, o diplomata Gondomar, embaixador da Espanha em Londres, alertava o monarca Felipe II de que aventureiros ingleses se apresentavam para estabelecer e fortificar um porto entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo, auxiliados pelos mamelucos Gaspar Ribeiro, João Gago e Manoel de Oliveira, que habitavam o lugar.

Foram tomadas providencias, a fim de prevenir-se contra novas tentativas dos corsários: o Governo de Madri transmitiu instruções ao governador-geral Gaspar de Sousa para que “estabelecesse de cem a duzentos índios numa aldeia sobre o rio Macaé (Miquié na linguagem dos indígenas, primitivamente chamado rio dos bagres) em frente à ilha de Santana e que fundasse um estabelecimento semelhante sobre o rio Seripe (ou Leripe) (atual rio das Ostras), onde o inimigo cortava as madeiras corantes”. E mais: “A cada aldeamento se daria um jesuíta. Devia comandar o primeiro, Amador de Sousa, filho do célebre Arariboia, e o segundo, seu sobrinho Manoel de Sousa”.

A fundação daquelas aldeias muito concorreu para o povoamento de parte até então abandonada da Capitania de São Tomé. Dando sentido prático às determinações do soberano, os jesuítas aldearam no local indígenas de Cabo Frio e os da nação Aitacás (provavelmente um ramo dos goitacás). Já Em 1630 aqueles religiosos que possuíam uma fazenda, que contava com um engenho, colégio e capela, construídos no morro de Santana.

Após 1759, quando foram expulsos os jesuítas em virtude de campanha movida contra sua Ordem pelo marquês de Pombal, ministro de D. José I, as terras foram redistribuídas e, à medida que se fundavam novas fazendas, a população aumentava, desdobrando-se em outras povoações com elementos vindos de Cabo Frio e Campos, na sua maior parte.

Durante longo período Macaé teve papel importante na economia norte-fluminense, funcionando o porto de Imbetiba como escoadouro da produção açucareira da zona campista, para ali transportada através do Canal Campos a Macaé, construído em 1874, e por diversos ramais ferroviários então existentes (Estradas de Macaé, Barão de Araruama, Urbana de Macaé e Quissamã). Essa função extinguiu-se, porém, com a construção da Estrada de Ferro Leopoldina, cujos trilhos passaram a ter preferência para o transporte da mercadoria, o que acarretou o declínio do porto” (1).

O Forte de Santo Antônio de Monte Frio teve suas obras concluídas em 1613. Posteriormente, em 1762, a fortaleza foi reconstruída por Conde de Cunha, por ordem do então Governador do Rio de Janeiro, Francisco de Castro Moraes. Em 19 de novembro de 1859 a fortificação foi desativada por ordem do Ministro da Guerra, Cel. Reformado Sebastião do Rego Barros, por este considerar que o Forte não servia mais à segurança daquele porto e por ser sua conservação extremamente onerosa para o Tesouro Nacional. Em 1893, foi reativado pelo então Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto. Nesse tempo, cresciam a cada dia as operações do porto de Macaé e isso fez com que mais atenção fosse dada ao mesmo. A construção de um novo forte é iniciada. Entretanto, a estrada de ferro Leopoldina, com a ligação Rio Bonito – Macaé – Campos absorveu todo o transporte da produção agrícola dessa região, e isso consequentemente acabou baixando os custos desse transporte de mercadorias. É assim, que Macaé vê o comércio marítimo declinar até o fim da licença alfandegária do porto de Imbetiba, em 1903. As obras da Fortaleza seguiram o declínio do Porto. Em consequência dos vultosos gastos públicos (231 contos), entre 1898 e 1900, e, também, por falta de verba, a obra acabou sendo suspensa em meados de 1900.

“Em 1908, o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, então Ministro da Guerra, esteve na cidade por ocasião de uma das recepções semanais realizadas no Solar de Monte Elíseo, residência do Coronel José de Lima Carneiro da Silva, neto de Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. Estavam presentes, além do coronel, outros descendentes do Patrono do Exército Brasileiro. Na ocasião, ficou decidido, como consta em documentos do arquivo do Distrito Federal, que a família de Caxias doaria 30 contos de réis para a conclusão das obras, agora sob um projeto mais reduzido do que o orçado originalmente. O governo, por sua vez, comprometeu-se com mais 15 contos de réis.

Ainda em 1908, o Ministro da Guerra, Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, determinou a construção de uma bateria alta, no topo do morro da Fortaleza, numa cota de 41 metros. Tal opção deveu-se à exiguidade de recursos para o melhoramento e bem assegurar a sua defesa.

Em 21 de dezembro de 1908, depois de locada a bateria alta no topo do morro pelo tenente-coronel de engenharia José Bevilacquia, as obras foram reiniciadas, dirigidas pelo capitão de engenharia Alberto Lavenére Wanderley. Em 13 de fevereiro de 1909 o primeiro-tenente Feliciano Sodré assumiu as obras até o seu término, com a instalação de quatro canhões Armstrong 152 mm, c/50 TR, montados em reparos Wavasseur, recentemente desativados do Cruzador Tamandaré, da Marinha Brasileira.

O Forte foi inaugurado em 15 de abril de 1910, pelo então Ministro da Guerra o Exmo General José Bernadino Bormann, na presença do Marechal Hermes da Fonseca, Presidente Eleito da República e demais autoridades civis e militares. O presidente eleito e sua comitiva foram recebidos pelo Coronel José de Lima, neto de Caxias, seguindo, posteriormente, de carruagem, até o local da inauguração”. (2)

O jornal macaense O Regenerador deu destaque à inauguração do Forte Marechal Hermes com a seguinte nota: “Ficará gravada, com caracteres indeléveis na história de Macaé, e sua população jamais poderá esquecer tão grandiosa e espontânea vibração de sua alma patriótica”.

Um homem e um jornal republicanos

O editor do jornal A província, José Mariano Carneiro da Cunha, foi um abolicionista com uma história vitoriosa e morreu com homenagens de um herói para o povo do Recife. Nasceu em 1850, no engenho Caxangá, distritozinho de Ribeirão, lugarejo que na época pertencia ao município de Gameleira. O cenário dos engenhos e canaviais permeariam para sempre seu imaginário.

Estudou na Faculdade de Direito de Pernambuco – uma das mais antigas do Brasil – e teve como companheiro de classe Joaquim Nabuco com quem flanava pelas marginais do rio Capibaribe na companhia do amigo em comum Rui Barbosa.

Muito ligado ao seu tempo e aos ideais republicanos, José Mariano começou a escrever para jornais, agremiações, revistas, até que em 1872, no dia 6 de setembro, publica a primeira edição de seu próprio jornal: A Província. O jornal tinha cunho abolicionista e reuniu exponentes da época em sua tipografia, como o escritor Gilberto Freyre, que assumiu sua redação em 1928.

Com um ideal de combate à escravidão, a folha tinha discurso acirrado na defesa dos escravos e acabou ganhando a devida atenção da opinião pública na campanha abolicionista em Pernambuco.

O jornal sairia das ruas em 27 de novembro de 1878 para ser novamente editado seis anos mais tarde. Com o argumento de dar férias aos trabalhos jornalísticos e por outros motivos preponderantes, tais como a necessidade de mudanças de seu formato, que passou a ser maior depois, A Província parou de circular. A folha voltou a ser publicada posteriormente como órgão do Partido Liberal, em 1 de dezembro de 1885. Nesta fase a tipografia estava instalada na rua do Imperador, em Recife, uma das principais galerias por onde transitavam na cidade os homens do poder daquele tempo. Na última década do século XIX, A Província conquistou tanta reputação, que chegou a ser o maior jornal do Nordeste brasileiro, suplantando até o jornal mais antigo de Recife, O Diário de Pernambuco, fundado em 1825 e hoje o jornal Há mais tempo em circulação ininterrupta da América Latina.

Sem interromper sua circulação, uma nova e importante fase d’A Província foi iniciada em 19 de agosto de 1928, quando assume sua direção os jornalistas Gilberto Freyre e José Maria Belo. Lia-se na definição do pensamento dos novos dirigentes: “…tanto quanto órgão de informação e crítica, será A Província um jornal político, ligado pela mais consciente simpatia ao Partido Republicano de Pernambuco”. O jornal passa a ser diário e apoia o governo de Estácio Coimbra, “um jornal quase governista. Mas um jornal governista de métodos os mais puros e limpos”, segundo Gilberto Freyre.

Entretanto, sob a direção, tendo como redator-secretário Sousa Barros e gerente Otávio Morais, findando com a edição de 4 de junho de 1933, sendo vendidos o material tipográfico e a maquinaria.

Um jornalista embalsamado

Dono de uma história política e social magnífica, José Mariano é lembrado pelos pernambucanos e jornalistas de todo o Brasil até hoje. Ano passado fez um século de sua morte, em 8 de junho de 1912. Como legado deixou seus ideal de justiça, igualdade e liberdade.

José mariano integrou um importante núcleo progressista de Recife: o Clube do Cupim, fundado em 1884 e do qual também faziam parte ilustres simpatizantes, como Joaquim Nabuco, Barros Sobrinho, João Ramos, Alfredo Pinto, Phaelante da Câmara, Vicente do Café, e Leonor Porto (esta, fundaria e presidiria, depois, uma outra associação com intuitos semelhantes: a Aves Libertas).

Nessa época, uma pessoa de grande importância na comunidade era a esposa de José Mariano, a recifense Olegaria da Costa Gama. Pela sua bondade e dedicação aos escravos foi chamada de “mãe dos pobres” e “mãe do povo”. Olegaria sempre apoiava os escravos fugidos, roubados das senzalas, ou alforriados. Mesmo quando José Mariano foi preso e sofreu inúmeras humilhações e torturas terríveis, D. Olegaria continuou lutando em prol da abolição da escravatura. Em 1887, durante a campanha ao cargo de deputado geral de Joaquim Nabuco – colega abolicionista – D. Olegaria empenha suas joias para financiar as despesas da eleição.

José Mariano é considerado um orador comunicativo, um abolicionista corajoso, e um dos homens públicos que mais desfrutavam da simpatia popular em Pernambuco. Mesmo quando estava separado do povo e preso, demonstrava suas tendências abolicionistas e republicanas. Possuía atitudes corajosas e o seu nome representava uma bandeira. Conseguiu ser eleito deputado em 1886, mas a eleição é impugnada e José Mariano perde a cadeira.

No dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea que declara extinta a escravidão no Brasil. Junto à opinião pública nacional, consagram-se os líderes da campanha redentora: Joaquim Nabuco, José Mariano, José do Patrocínio, André Rebouças. Pouco mais de um ano depois, a República é proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro de 1889. A gestão de Deodoro dura somente dois anos e com sua renuncia, o Marechal Floriano Peixoto assume a Presidência da República.

O nome de José Mariano figura entre os deputados à Constituinte, em 1890, e, em 1891, ele é eleito Prefeito do Recife. Pouco tempo depois, Alexandre José Barbosa Lima – considerado um autoritarista e florianista – assume o Governo de Pernambuco. José Mariano lança-se de imediato em sua oposição, publicando uma série de artigos contra o Marechal Floriano Peixoto. Em decorrência disto, ele é preso em sua residência (no Poço da Panela), e trancafiado na fortaleza do Brum sob a acusação de pactuar com a Revolta da Armada.

Entretanto, liberto da prisão, José Mariano assume a cadeira de deputado. A população do Recife gosta muito dele. Todas as ruas e casas, desde o cais do porto até o Poço da Panela ficaram ornamentadas e embandeiradas para saudar o retorno do abolicionista. Na época, inclusive, ele fez um discurso célebre na Câmara, com cinco horas de duração, narrando o martírio vivenciado como prisioneiro.

Mas o clima geral era de muitos conflitos políticos. Nesse contexto, foi covardemente assassinado o famoso jornalista político José Maria de Albuquerque Melo, na rua 24 de Maio, enquanto visitava uma seção eleitoral e protestava contra ilegalidades praticadas pelo presidente da mesa, o chamado Major Pataca. O mesmo dispara vários tiros contra o jornalista e, como não lhe foi permitido o socorro médico, José Maria vem a falecer pouco depois. O incidente abala muito o Recife e repercute em todo o País. De imediato, José Mariano escreve um artigo sobre o assunto, intitulado A tragédia de Pernambuco, que sai publicado no Jornal do Comércio do Rio.

No dia 24 de abril de 1898, em decorrência das complicações de uma gripe, morre dona Olegaria. Ele se achava no Rio de Janeiro e sequer pode assistir aos funerais prestados pela população pernambucana. Esta, que a divinizava, se condoeu muito com o fato. Fala-se que foram muitos os pretos que se suicidaram, envenenando-se ou jogando-se no rio Capibaribe.

Após tal dolorosa perda, José Mariano se afasta das lutas políticas. Em 1899, ele é nomeado Oficial do Registro de Títulos, pelo Presidente Rodrigues Alves, e também é presenteado com um Cartório de Títulos e Documentos, na rua do Rosário, no Rio de Janeiro.

Infelizmente, não muito tempo depois, José Mariano adoece e vem a falecer no dia 8 de junho de 1912. Custeado pelo Estado, o navio Ceará transportou seu corpo embalsamado do Rio de Janeiro para o Recife. No Estado de Pernambuco foi decretado luto por três dias, e houve uma comoção geral em seu enterro. As pessoas jogavam flores em seu esquife e muitas choravam. Para homenagear esse ilustre abolicionista pernambucano, o periódico A Lanceta publica alguns versos, em sua edição de 12 de junho de 1912, que terminam assim: “Chore…chore o Brasil sua grande desdita. Porque o cedro tombou!

Foi erigida em sua homenagem, posteriormente, uma estátua no Poço da Panela, e deram o seu nome ao cais que ladeia uma das margens do rio Capibaribe, no centro do Recife. Seus contemporâneos, contudo, sempre desejaram que ele fosse lembrado como um excelente orador popular, um grande abolicionista e republicano, e, principalmente, um pernambucano que deu tudo de si ao próximo e à Pátria.

Fonte do trecho citado:

(1) IBGE
(2) Ascom Forte Marechal Hermes
Ilustração do jornal: Fundação Biblioteca Nacional

Comentários desativados em O Forte de Imbetiba nas páginas do jornal A Província

Leituras complementares para a implantação da Hemeroteca Digital de Rio das Ostras

Por Leonor Bianchi

Assim como já noticiamos, estamos desenvolvendo uma pesquisa aprofundada nos acervos de periódicos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro a fim de descobrir em quais deles Rio das Ostras aparece. Nosso intuito é ainda mais amplo, ou seja, além de termos curiosidade de saber desde quando a cidade ou a região de Rio das Ostras começa a ser citada na imprensa jornalística do Brasil, interessa-nos conhecer onde se deram as primeiras citações à cidade na imprensa impressa. É, pode ser enfadonho o uso das palavras, mas é isso aí.

Neste sentido, seguem avançadas as leituras, produções de relatórios e levantamento de dados, que constituem o embasamento argumentativo do projeto da Hemeroteca Digital de Rio das Ostras.

Para enriquecer seu conhecimento sobre o tema, sugiro a leitura do texto ‘A Digitalização como Forma de Conservação e Disseminação do Acervo de Jornais da Biblioteca Monsenhor Galvão (A DIGITALIZAÇÃO COMO FORMA DE CONSERVAÇÃO) da bibliotecária da Biblioteca Setorial Monsenhor Renato de Andrade Galvão do Museu Casa do Sertão (UEFS) Universidade Estadual de Feira de Santana, Ana Martha M. Sampaio. Nele a autora investe sobre a necessidade da preservação do acervo de jornais da referente biblioteca e para isto, sua digitalização e difusão. O contexto é a cidade de Feira de Santana na Bahia, o que mais chamou minha atenção, já que nosso escopo maior é a imprensa  regional e local.

Resumo

“O acervo de jornais antigos, da Biblioteca Setorial Monsenhor Renato de Andrade Galvão (BSMG) é responsável pelo resgate da imprensa escrita feirense e da história social do município garantindo a população regional o direito de ter acesso ás informações contidas em jornais feirenses datados do século XIX e XX. Tais documentos se constituem em elementos de suma importância para o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas e colegiais, o que tem permitido a elaboração de projetos nas diversas áreas do conhecimento, concretizado através das diversas monografias, dissertações, artigos, teses, entre outras produções realizadas a partir das consultas na referida biblioteca, por isso, a conservação e preservação de tão importante acervo para a sociedade escrita são tão importantes, pois estes registros são um referencial teórico para a localidade que guardam a memória histórica e cultural de seu povo. O artigo aborda importância da preservação destes jornais para a comunidade de Feira de Santana e região. Porém o uso diário e a fragilidade que é peculiar ao suporte dos jornais acarretaram no desgaste de tão importante coleção para pesquisadores, bem como, alunos e a comunidade regional. Dessa maneira se faz mister a digitalização deste acervo, dos quais muitos já se encontram fora de uso sem condições de disponibilização ao usuário. Por outro lado, tal privação se constitui enquanto entrave ao desenvolvimento de novos trabalhos nas áreas da História, Sociologia, Literatura, Antropologia, Filologia, dentre tantas áreas, que tão bem poderiam usufruir as importantes informações contidas nas suas paginas amarelecidas pelo tempo. O mais agravante é fato que tais edições de jornais são as únicas conhecidas em toda a região e, portanto, no caso do desaparecimento destes exemplares informações sobre o cotidiano de Feira de Santana e região, estariam fadados ao completo desconhecimentos pela sociedade local.Contudo, a digitalização e conseqüente conservação da coleção de jornais da BSMG se faz urgente e necessária haja vista ser ela singular enquanto instrumentos de pesquisa e de informação e plural na infinidade de possíveis temas e interpretações por partes daqueles que tem na mesma a renovação do conhecimento acerca da realidade regional”.

O projeto acima acabou se delineando uma das ações mais significativas já feitas por uma biblioteca de interior no que diz respeito à preservação de seu acervo de periódicos. No final de 2010, muitos jornais já haviam sido digitalizados por iniciativa do projeto. Jornais estes de suma importância para a história das sociedades onde circulou.

São eles: 

– O Município

1892-1894 e 1908-1911

– O Propulsor

1896

– Gazeta do Povo

1891-1893

– Folha do Norte

1909, 1910, 1911, 1912, 1913, 1914, 1917, 1918, 1919, 1926, 1927, 1928, 1929, 1930, 1931, 1932, 1933, 1934, 1935, 1936, 1937, 1938, 1939, 1940, 1941, 1942, 1943, 1944, 1945, 1946, 1947, 1948, 1949, 1950, 1951, 1952, 1953, 1958, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1973, 1974, 1975, 1976, 1977, 1978.

– O Progresso

1901-1903; 1905-1908

– Folha da Feira

1932-1935

– O Coruja

1956

– Feira Livre

1979

Foto: Edvan Barbosa – Ascom/Uefs

Comentários desativados em Leituras complementares para a implantação da Hemeroteca Digital de Rio das Ostras

Hemeroteca Digital de Rio das Ostras e Memória da Imprensa Regional encontram citação mais antiga feita a Rio das Ostras em um livro impresso no Brasil

Por Leonor Bianchi

Informação valiosa! Encontrei a citação mais antiga feita a Rio das Ostras num livro impresso no Brasil. Foi em 1834. O Volume: Annaes do Rio de Janeiro, escrito por Balthazar da Silva Barbosa. Pérola rara para quem estuda a história de Rio das Ostras.

NUNCA vi citação alguma em nenhum livro sobre a cidade escrito por pesquisadores de sua história revelando este fato, ou seja, Rio das Ostras já aparecer nos Annaes do Rio de Janeiro escrito pelo referente escritor. Não vi porque ninguém nunca fez essa citação, nunca ninguém foi tão fundo na pesquisa sobre a cidade e a imprensa brasileira. Posso considerar-me pioneira na ‘descoberta’ e vocês, meus leitores, considerem-se pessoas de sorte, pois estão tendo acesso a um dado inédito e em primeira mão. Leonor Bianchi, O Polifônico e os Projetos Memória da Imprensa Regional e Hemeroteca Digital de Rio das Ostras fazendo história em Rio das Ostras… Mais informações a respeito do conteúdo desta citação feita por Balthazar Lisboa a Rio das Ostras nos ANNAES do RIO DE JANEIRO, em 1834… em breve. Por enquanto posso dizer que o cara que fez a citação a Rio das Ostras, o Balthazar Lisboa, é considerado o primeiro ambientalista brasileiro. O motivo eu conto num outro momento…

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Rio das Ostras terá uma Hemeroteca Digital: Projeto desenvolvido pelo jornal O Polifônico é pioneiro na imprensa norte fluminense

Estou desenvolvendo um trabalho lindo e necessário.

Bem, eu acho que seja…

É a criação de uma Hemeroteca Digital para disponibilizar tudo o que a imprensa brasileira já publicou sobre a cidade de Rio das Ostras desde os mais remotos tempos da imprensa no Brasil.

O projeto é ousado e ainda corre na base da vontade de fazer, ou seja, sem patrocínio.

Nesta postagem, disponibilizo um pouquinho da pesquisa que estou fazendo na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, cuja catalogação já está concluída.

Na foto da página do Correio da Manhã (editado de 1901 a 1974) vemos a primeira citação a Rio das Ostras feita pelo jornal. A data? Era dia 11 de setembro de 1926!!! Você nem imaginaria que isso pudesse ter acontecido, não… Rio das Ostras estar tão evidente na imprensa dos anos 20 do século XX. Mas esteve. E através deste projeto, estou trazendo toda essa história à tona.

E ainda dizem que Rio das Ostras começou a figurar no cenário nacional apenas em função do petróleo, há 20 anos.

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Passos firmes rumo ao Museu do Jornalismo

Durante aproximadamente seis horas, museólogos, pesquisadores, professores e jornalistas discutiram a criação do Museu do Jornalismo no Rio de Janeiro, no Seminário Jornalismo e Memória. Diferentes ideias e sugestões foram lançadas ao longo das quatro mesas de debates do evento, realizado na última quinta-feira (26/7), no Espaço Eliseu Visconti, da Biblioteca Nacional.

O projeto do Museu do Jornalismo é um desdobramento do Centro de Cultura e Memória do Jornalismo, criado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio em 2008, com o patrocínio da Petrobras. “O que a imprensa registra é o registro da memória do País, e a preservação desta memória é de extrema importância para a reflexão e compreensão da sociedade”, destaca a presidente do Sindicato, Suzana Blass.

Durante debate sobre constituição e sustentabilidade de museus, a responsável pelo Museu da República, Magaly Cabral, com 30 anos de trabalho na área, lembrou que abrir diariamente um espaço cultural para visitação não é tarefa fácil. “Mas a proposta do Museu do Jornalismo está muito bem encaminhada e a preservação da memória da imprensa melhora o próprio jornalismo”, afirma Magaly.

A gerente de museus da Secretaria Municipal de Cultura do município do Rio, Andréa Falcão, levantou a possibilidade de o Museu do Jornalismo ser levado ao Memorial Getúlio Vargas, na Praça Luís de Camões, ao lado do Hotel Glória, “num encontro entre a política e a poética”.

O Seminário Jornalismo e Memória foi realizado justamente para se pensar a constituição do Museu do Jornalismo, aos moldes do Newseum (em Washington D.C., EUA), e também a possibilidade de se estabelecerem parcerias para sua criação. Jornalistas com experiência em pesquisa junto a arquivos, Sérgio Cabral e Ruy Castro expuseram o quanto o Brasil perde quando deixa de preservar materiais simples, como recortes de jornais.

“Temos também que detectar pessoas que tenham esses arquivos. Tenho certeza de que naqueles grandes apartamentos em Copacabana há senhores já provectos que possuem acervos importantes”, lembrou Ruy Castro. “E quando eles falecerem, estes arquivos vão acabar num sebo”, completa.

Na última mesa do seminário, que contou com a participação de 70 pessoas na plateia, o ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Aziz Filho destacou o protagonismo do Rio em sediar um museu voltado para o jornalismo. “Claro que qualquer cidade poderia fazer um Museu da Imprensa, mas no Rio temos facilidades para conseguir peças para o museu. Aqui funcionaram a TV Tupi, o Correio da Manhã, o Jornal do Brasil impresso, e temos a cidade mais fotografada do hemisfério sul.”

O evento também contou com as exposições do presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo; do gerente de imprensa da Petrobras, Lucio Mena Pimentel; da superintendente de Museus da Secretaria de Cultura do estado, Mariana Varzea; e de Walter Santos, representante da Secretaria Municipal de Cultura.

Também palestraram no Seminário Jornalismo e Memória Sérgio Burgi (Instituto Moreira Salles), Pedro Sotero (Museu do Futebol), Alzira Abreu (CPDOC-FGV), Galeno Amorim (Fundação Biblioteca Nacional), Joëlle Rouchou (Casa de Rui Barbosa), Antônio Carlos Sartini (Museu da Língua Portuguesa) e Maria Arlete Mendes Gonçalves (Instituto Oi Futuro). O jornalista Marcelo Beraba participou como mediador.

Foto: Zezzynho Andraddy

Fonte: Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

SJPMRJ

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150 anos da imprensa em Macaé – A visão do historiador

Por Ivana Matos Pinheiro Tavares

“A Imprensa em Macaé nasceu numa terça-feira, 1° de julho de 1862, dia em que da tipografia de Seraphim Tavares de Oliveira Nichteroy, à Rua da Boa Vista, saiu o primeiro exemplar de ‘O Monitor Macahense”. O pioneiro do jornalismo nosso, que obedecia à orientação política do Partido Conservador e se intitulava “político, literário, comercial e agrícola” circulava duas vezes por semana; às terças e sextas. Durou até 1870, quando sua tipografia foi à praça, ao que tudo indica por dificuldades financeiras. Como fato importante de sua existência pode ser citada a visita que lhe foi feita, em 5 de julho de 1868, pela Princesa Isabel e pelo Conde d’Eu, quando por aqui estiveram. Visita discriminatória, já que na ocasião circulava outro jornal macaense, “O Telegrapho”.

Discriminação explicável, porém. “Este último era publicação de tendências liberais.” [1]

Em Macaé, na segunda metade do século XIX, mais precisamente 1862, quando um movimento em direção à informação tomou corpo no jornal “O Monitor Macahense”, a sociedade, ainda pouco letrada da época, não imaginava que recebia um instrumento valioso e único na formação da sua expressão cultural.

Entrávamos aos poucos nas transformações tecnológicas que o mundo já rapidamente absorvia e uma nova mentalidade se construiria, mesmo que lentamente, modificando concepções e criando as imposições de uma nova ordem capitalista contemporânea.

O jornal é um veículo que trabalha na difusão de ideias, na transmissão de conceitos, entretenimento e, sem dúvida nenhuma, na acumulação de conhecimento. Ele  em parte se torna  o espelho da sociedade de sua época.

Mesmo com ressalvas à sua parcialidade, pois o jornal é uma fonte indutora à formação da opinião pública, cabendo a cada linha editorial a defesa de interesses de segmentos da sociedade, a importância da mídia escrita se tornou imprescindível a partir de 1929, com o movimento dosAnnales[2], na construção de uma Nova História.

A partir da década de 80, a micro-história ou a História “contada em migalhas” passou a ser observada e utilizada no desenvolvimento historiográfico de modo mais abrangente, onde o papel do jornal passa a ser o de mostrar sua subjetividade e produzir questionamentos que viriam compor um quadro social.

A micro-história revela os conflitos, as negociações, a incerteza do vínculo social. (…) Na historiografia dos últimosAnnales, há um retorno da subjetividade, descentrada, excêntrica, capaz de produzir inovações de sentido.[3]

O surgimento desse novo conceito, menos factualista, não mais fechado em decisões e ideias de grandes homens, passa a ser o instrumento de alargamento das abordagens possíveis dentro de um texto, antes engessado por uma concepção que não abrangia todos os aspectos sociais. Os Annales rompem o padrão da História Política tradicional para a escrita de uma história social, o que iria influenciar na formação de uma nova história política mais antenada com as relações de poder na sociedade. Com isso o historiador pôde problematizar e buscar preencher as lacunas deixadas pela metodologia anterior, descobrindo fatos ou sugerindo questionamentos que ajudam a reconhecer o papel do indivíduo no seu contexto histórico, sua consciência e a sua interligação na construção historiográfica.

Para entendermos melhor o papel do historiador, podemos usar como exemplo um simples anúncio do Jornal Monitor Macahense de 10 de maio de 1867.

Figura 1- Anúncio do Jornal Monitor Macahense 10 de maio de 1867

À primeira vista nos parece um simples anúncio comercial de alguém que quer vender seu produto. Mas acurando o olhar, observando com mais atenção, o historiador pode fragmentar essas informações fazendo uso da hermenêutica / fenomenologia[4]. A hermenêutica mostra o pertencimento do interprete ao seu mundo, habitando e interagindo com ele, interpretando o fenômeno que aparece e não se mostra.

O passado tal como foi só pode ser abordado com a contribuição da imaginação. Não se trata de confundir o real com o irreal, mas de mostrar como o imaginário faz parte da visada do ter-sido, sem enfraquecer o seu realismo. O imaginário tem seu lugar na História na medida em que o passado não é observável.[5]

O anúncio nos fala de alguém, com o nome de Gervasio, que mora na Rua Direita e vende um gênero alimentício que ele alega ser de grande qualidade.  Porém podemos ir além dessas informações.

O anúncio não nos informa o número da casa nem o sobrenome desse indivíduo, o que sugere ao historiador se tratar de alguém bastante conhecido na região e que provavelmente possuía recursos financeiros por morar na principal rua da cidade.

Outro fator que também chama a atenção é a venda desse produto em sua casa, posicionando assim um modelo de produtor rural ( agricultor/ pecuarista) que pode ser ou não um latifundiário ,  produzindo  e comercializando em sua residência, criando um comércio paralelo que não se restringia ao comércio praticado nos empórios. Ou ainda, um intermediário que fazia a ponte com outros produtores da região ou de áreas distantes.

Logo, podemos ter uma nova perspectiva na construção econômica da cidade desse período, confluindo com as variadas vertentes já existentes e resultando em um somatório de dados que fecham os espaços deixados pela macro-história e que revelam tendência e desconstroem mitos como o de se tratar a cidade como uma vila de pescadores antes da chegada da Petrobrás.

Vivenciamos no passado uma economia ativa que nos colocou em 6º lugar em movimentação portuária, escoando os produtos da região para todo o país. E a maldição de Mota Coqueiro nunca passou de uma história triste e mal resolvida do passado Imperial, alimentada pelos folhetins.

Os jornais , juntamente com os documentos  que sobreviveram ao descaso do poder público, nos ajudam a construir essa história social/econômica, proporcionando  uma quadro próximo do real, onde as formas e  as cores vão surgindo conforme as descobertas propostas pelo seu investigador.

Obviamente que a metodologia dos Annales não é única na análise crítica da construção historiográfica, mas com certeza é a que mais nos aproxima do aspecto individual, problematizando a dualidade da natureza/cultura, o lugar do sujeito como ator social e sua responsabilidade direta na multiplicidade das interpretações.

Assim, podemos contar uma nova história macaense, ajudados pela elaboração crítica dos jornais de diferentes épocas e contribuindo com o fechamento de brechas deixadas pelo tempo e que hoje podem ser descritas e mostradas, ajudando a pensar o presente- futuro, orientado pelos passos do passado de um modo problematizante, polêmico, sem, entretanto, legitimá-lo como continuidade, pelo contrário, mas como tempo de aspectos diferentes e de alteridade própria.

Os jornais sejam eles do passado ou os que acompanham os fatos do presente, constituem uma importante fonte na preservação do conhecimento, da história e na concentração de diferentes culturas.  Mesmo sabendo que existe uma dualidade intencional no papel que ele exerce, formando ou deformando opiniões, cuja informação é manipulada conforme os interesses políticos/ econômicos /sociais, ainda assim podemos utiliza – lo na construção de teias que, interligadas estruturariam uma fonte de pesquisa importante, integrando hoje a sociedade ao cotidiano mundial, informando e proporcionando uma análise do comportamento, transformando e gerando pensamentos que contribuem para enriquecer o coletivo, sem entretanto excluir  o individual.

[1] PARADA, Antônio Alvarez. Histórias Curtas e Antigas de Macaé, vol. I. Rio de Janeiro: Ed. Artes Gráficas, 1995, crônica 27, pág. 22.

[2] A chamada escola dos Annales é um movimento historiográfico que se constitui em torno do periódico acadêmico francês Annales d’histoire économique et sociale, tendo se destacado por incorporar métodos das Ciências Sociais à História; A escola des Annales renovou e ampliou o quadro das pesquisas históricas ao abrir o campo da História para o estudo de atividades humanas até então pouco investigadas, rompendo com a compartimentação das Ciências Sociais (História, Sociologia, Psicologia, Economia,Geografia humana e assim por diante) e privilegiando os métodos pluridisciplinares.
[3] REIS, José Carlos. O desafio historiográfico. Rio de janeiro. Ed. FGV, 2010. Pg.54
[4] Hermenêutica é ciência que estuda a arte e a teoria da interpretação. Fenomenologia e o sistema filosófico em que se estudam os fenômenos interiores, a essência do ser, da existência.
[5] REIS, José Carlos. Op. Cit., pp.79
IVANA MATOS PINHEIRO TAVARES
Professora de História na rede particular de ensino de Macaé
Graduada em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Macaé

Publicado originalmente em

http://pontonulonotempo.blogspot.com.br/2012/07/150-anos-da-imprensa-em-macae-visao-do.html

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Memória e Jornalismo em debate na BN

 

A primeira etapa do projeto Centro de Cultura e Memória do Jornalismo (CCMJ), que reúne acervos como a biblioteca de Joel Silveira, encerra-se no dia 26 de julho. Nesta data, das 9 às 18 horas, será realizado o Seminário Jornalismo e Memória, no Espaço Cultural Eliseu Visconti da Fundação Biblioteca Nacional (Rua México s/nº. Centro).

A entrada no evento é gratuita. Para inscrição, envie e-mail com nome completo para sindicato-rio@jornalistas.org.br, preenchendo o campo assunto com INSCRIÇÃO SEMINÁRIO JORNALISMO E MEMÓRIA.

Representantes de mais de dez entidades ligadas à preservação de acervos e pesquisa – como o Museu da Língua Portuguesa, a Fundação Roberto Marinho e o Instituto Moreira Salles – estarão presentes ao seminário. “Vamos debater o papel da imprensa na constituição da memória do País”, expõe a presidente do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, Suzana Blass.

O jornalista Sérgio Cabral, um dos criadores do jornal Pasquim, e Alzira Alves de Abreu, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getulio Vargas, estão entre os debatedores. A programação do seminário conta com três paineis: Museus Públicos e Privados: Constituição e SustentaçãoJornalismo e MemóriaMuseus e Novas Tecnologias.

O CCMJ foi inaugurado em setembro do ano passado, por iniciativa do próprio Sindicato. Na ocasião, foi lançado o livro Memória de Repórter: Lembranças, casos e outras histórias de jornalistas brasileiros – décadas de 1950 a 1980. A obra detalha, por exemplo, a relação dos jornalistas com as fontes e a produção do jornal em época de poucos recursos tecnológicos.

“O Centro de Cultura é um espaço que queremos levar adiante, em parceria com outras instituições, com o objetivo de fomentar um jornalismo de qualidade, ético e mostrar através de debates, exposições temáticas, entre outras coisas, a relevância da imprensa na construção da história do Brasil”, diz a presidente do Sindicato.

No site do CCMJ, jornalistas como Alberto Dines, Bartolomeu Brito, José Hamilton Ribeiro dão seus depoimentos sobre sua trajetória na imprensa. Ao todo são 52 testemunhos de profissionais que fizeram a história dos periódicos brasileiros.

Além de preservação jornalística, o CCMJ também guarda a literatura que passou pelas mãos do jornalista Joel Silveira. São 5 mil livros do acervo pessoal do autor de Eram Assim os Grã-Finos em São Paulo que estão guardados no local.

Visitas e pesquisa no Centro de Cultura e Memória do Jornalismo podem ser agendadas pelo telefone 21 3906-2450 ou pelo e-mail sindicato-rio@jornalistas.org.br. O espaço fica na Rua Evaristo da Veiga 16 / 7º andar, sala 702.

Texto atualizado às 15h23 do dia 17/7/2012.

Fonte: SJPMRJ

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Os 150 anos da imprensa macaense serão lembrados em seminário

O jornal O Polifônico, a Escola Livre de Comunicação e Artes de Rio das Ostras e o Observatório da Memória Macaense convidam a sociedade a participar e a se mobilizar para a realização do seminário: 150 Anos da Imprensa Macaense: Do Monitor Macahense à Era da Informação Compartilhada e dos Blogs de Jornalismo Independente.

Infelizmente esquecido por toda a imprensa local e regional, que sequer deu uma nota sobre o tema na edição de ontem, o dia em que fora publicado o primeiro jornal macaense, 1 de julho de 1862, é lembrado por nós do jornal O Polifônico como um marco que merece atenção e estudo.

Leia o projeto e participe.

Projeto 150 Anos da Imprensa Macaense

Lembro que os convidados citados no projeto ainda estão sendo contatados por nós, não tendo os mesmos assumido ainda nenhum compromisso definitivo para com o mesmo.

LB

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Protagonize! Jornal perde a pauta do ATO Público em Rio das Ostras e sugere que militantes que estiveram presentes escrevam coletivamente uma matéria jornalística para o veículo

Fiquei de fora e perdi a pauta

Por Leonor Bianchi

Caros leitores do jornal O Polifônico, seria interessante que os militantes se unissem mais uma vez para relatar a quem não pode estar no ato, ontem como o mesmo aconteceu, quem esteve presente, como expuseram as falas, como se portaram as forças sindicais, os servidores públicos, moradores, comerciantes locais… a prefeitura deve ter se infiltrado como sempre faz e mandado a PM e a GM aumentarem a ronda e o efetivo no local. Alguém deu as caras? E os pré-candidatos para o legislativo??? Muitos por perto? E os vereadores que aprovaram a lei da criação das novas quatro secretarias, alguém? A TV cobriu? Quem, quero assistir!!!

Interessa saber como foi o ato e que mensagem ele conseguiu transmitir.

Seria interessante àqueles que foram a redação de uma matéria coletiva com depoimentos de muita gente que esteve na rua, ontem! Quero muito ler sobre o ato no jornal e acho que assim como eu, que não pude estar na praça, muitas outras pessoas também querem, mas como não fui… não tem matéria hoje no jornal… e quem deve ter feito matéria…. além de não ter nem de longe comprometimento com a militância e com o jornalismo, vai reproduzir – como já diz a palavra -, uma réplica, uma cena-simulacro da manifestação.

Lamento mesmo não poder estar com todos, ontem. Outra pauta obrigou-me a não estar lá. Pauta esta tão importante quanto a que caiu por eu tê-la perdido. Por isso, peço, sugiro a todos que façam uma matéria jornalística popular sem neuras academicistas e/ou preocupações com a forma.

O Polifônico está aberto para publicar e não queremos exclusividade, afinal há zilhões de outros jornais e sites que precisam de pautas, que precisam saber o que de fato acontece em Rio das Ostras, e a notícia não pode perder a atualidade. Escrevam e lancem na rede, já!

Relatar faz parte da memória da militância que estamos aprendendo a construir em Rio das Ostras desde o ano passado como o lindo ato do Grito dos Oprimidos!!!!!

Ilustrem a matéria com vídeos, fotos, cartazes!!!!

E Mais, estou fazendo desde já um blog para os movimentos sociais de Rio das Ostras e ‘convoco’ a colaboração de quem quiser. N’O Polifônico já há editoria sobre o assunto (Cidadania, Coluna do Servidor), mas podemos e devemos aprofundar a pauta. Há espaço para tanto e o momento é agora! É a história e a memória da cidade que escolhemos para viver que está em questão, é a nossa vida, somos nós e nossas famílias em questão. Somos nós esse sujeito histórico que precisa ser o detentor da caneta ou dos teclados e dedos que escrevem as páginas da História.

SEJA UM PROTAGONISTA DE SUA HISTÓRIA!

Abraços.

A luta não pode parar!

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Em debate o Código de Zoneamento Geofísico de Rio das Ostras

Código de zoneamento ainda não foi votado, mas edificações da cidade já utilizam as novas regras estabelecidas pela lei
Leonor Bianchi
Texto e Foto
Desde agosto do ano passado se arrasta na Câmara Municipal de Rio das Ostras a discussão sobre o novo código de zoneamento do município, criado pelo presidente da casa; o vereador Carlos Afonso Fernandes.
Na época, o idealizador do projeto enfrentou uma grave polêmica pelo fato de o Projeto de Lei Nº 018/2007 – que estabelece novas regras para o zoneamento geofísico, o parcelamento e o uso do solo em Rio das Ostras – ter sido publicado no Diário Oficial do município (edição de 03 a 09 de agosto) nos Atos do Legislativo como lei, ou seja, como se já tivesse sido aprovado pela Câmara, embora não tivesse nem sido levado à votação.

Depois que engenheiros, munícipes e sociedade civil organizada manifestaram insatisfação com o conteúdo da nova lei e com a total ausência de debate público a respeito de um projeto de tamanha importância para o futuro de Rio das Ostras, o presidente da Câmara agendou uma audiência pública e nela justificou detalhadamente sua proposta.
Nesse dia, ficou acordado entre os presentes, que uma comissão de estudos se reuniria novamente após 15 dias para dar continuidade ao debate sobre as adaptações que o texto precisaria sofrer para ir à tribuna ser aprovado, ou não, pelos vereadores.
O período legislativo deste ano teve início na última terça-feira e, ainda, nem o executivo nem o legislativo publicaram uma errata no D.O para corrigir o erro quando da publicação da lei no jornal de 3 de agosto de 2007. Praticamente abafado pelo governo, o assunto foi ficando esquecido. No final de outubro surgiram matérias prioritárias nas pautas da Câmara, como a votação do orçamento deste ano, por exemplo, o que fez o tema ‘código de zoneamento’ ser substituído por outras polêmicas novas no âmbito do próprio orçamento. Com isso, as observações que seriam atribuídas à nova lei pelo ‘grupo de trabalho’ não foram feitas. O entrave impossibilita a (re)elaboração de uma nova redação e sua votação.
Enquanto o imbróglio perdura, alguns construtores erguem os primeiros pequenos arranha-céus de Rio das Ostras. O que pode vir a ser o modelo das futuras edificações que serão feitas na cidade nos próximos anos, até que uma outra lei permita que prédios com mais de 14, 16, 20 andares sejam levantados na cidade. A verticalização já é fato em Rio das Ostras independentemente do vigor, ou não, da lei. Exemplo disso é o edifício que está sendo construído ao lado da rodoviária, na principal via que corta a cidade; a rodovia Amaral Peixoto.
Discordando do projeto do Presidente da Câmara, a bancada opositora do Legislativo comentou ao Tribuna de Rio das Ostras que está trabalhando para vetar qualquer tipo de irregularidade. Na ocasião da audiência pública, vereadores da oposição reuniram-se com a Associação dos Empreiteiros e Funcionários da Construção Civil de Rio das Ostras (Acempro) para estudar o projeto e melhorias para o mesmo, tais como a criação de novas zonas de interesse, limitar o tipo de comércio para cada zona e exigir um estudo prévio de impacto de vizinhança. O GT também apontou a necessidade da criação de um Conselho Municipal de Planejamento Urbano em Rio das Ostras, uma espécie de ‘órgão’ que seria responsável por autorizar e fiscalizar todas as obras do município.
Entenda o que propõe a lei
O Projeto de Lei Nº 018/2007, incentiva a verticalização da cidade ao permitir o aumento do gabarito e a construção de prédios com ate 40 metros, ou, em outras palavras, de 12 andares. Algumas alterações ao texto foram sugeridas quando de seu debate público, pelo grupo de trabalho que foi instituído à época para estudar quais alterações a lei deveria sofrer. A limitação do gabarito em 25 metros, que permite construções de até oito andares em áreas pré-determinadas na lei, e não com 12 pavimentos, como consta do atual projeto, foi uma das alterações apresentadas pelo grupo.
Conflitos com o Plano Diretor
Pelo fato de conter diversos aspectos conflitantes com o Plano Diretor da cidade, o projeto do novo código de zoneamento de Rio das Ostras passou por diversas observações feitas pelo arquiteto e secretário extraordinário de governo, Maurício Pinheiro, ex-responsável pela pasta da Projeto Rio das Ostras Cidade (PRO-URBE).
Presente à audiência pública realizada no ano passado para discutir a lei, o arquiteto pontuou suas observações feitas ao documento, esclarecendo cada um dos tópicos que receberam seu grifo. As áreas de zoneamento foram um deles. O secretário elaborou um relatório relacionando suas discordâncias acerca do projeto e na ocasião frisou que “é importantíssimo não apenas ordenar o que ainda não está ordenado na cidade, mas, mais do que isto, é importante garantir a futura ocupação, de forma ordenada, das zonas da cidade”, o que não está claro no novo projeto, segundo ele.
Publicado originalmente em 2007 no jornal Tribuna de Rio das Ostras.

Leia também a Lei Complementar 004/2006:

Lei Complementar 004_2006 zoneamento rio das ostras

 

Leia também a Lei 194/96

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